domingo, 9 de abril de 2017

HISTÓRIAS DOS AMORINS - DO RIO GRANDE PARA SÃO PAULO, DE FUCA!


Foi pelo final dos anos 70 que de uma hora para outra], até onde me lembro, estávamos fechando a nossa casa em General Câmara e entrando em uma jornada maluca em um fusca.
Me lembro de sairmos de madrugada após um temporal que arrasou a região.
Embarcamos no fusca branco que era de minha falecida avó, com o banco de trás reclinado, numa espécie de cama quemeu pai fez com malas e cobertores. Ali nos instalamos eu (Rafael) e meus dois irmãos: Michelângelo e Leonardo.
Eu gostava de ficar no meio e ficava observando meu pai dirigindo com a luz do rádio do carro ainda iluminando o interior do carro. Lembro de desviarmos de uma árvore caída na estrada devido a tempestade, e de minha mãe contando os "pila" para os pedágios.
O fusquinha atravessou o estado do Rio Grande do Sul pela serra e pela noite já estávamos em Santa Catarina. Para nós, meninos do interior do Rio Grande do Sul muitas novidades marcaram essa epopeia. Uma delas aconteceu quando paramos em um posto de gasolina já pelas tantas da noite e nosso pai nos trouxe um tal de Chocomilk e pela primeira vez bebemos aquele achocolatado em garrafinha, bem geladinho. Nunca saiu de minha memória. Seguimos, e muita galhofagem dentro do fusquinha entre os três meninos de menos de 10 anos as vezes tinha que ser controlada pela nossa mãe. Vez que outra o fusquinha parava na beira da estrada ou em um posto de gasolina para nosso pai dormir um pouco. Nossa diversão , ali trancafiados era contar os tipos diferentes de caminhões. Quando a viagem seguia eu permanecia no meio do fuca, entre meu pai e minha mãe praticamente, ouvindo as histórias de UFOS na estada que meu pai contava enquanto dormia. Tudo ao som de Ray Conniff.
A moeda era o cruzeiro ainda , e eu fazia uma coleção maluca de notas de um cruzeiro novinhas. Foi tudo nessa viagem.
Setenta e duas horas depois, ou mais, estávamos chegando na cidade de São Paulo. Mas especificamente na rua Teodoro Sampaio, na casa de nossa avó. Era um alívio e uma festa, pois iríamos encontrar nosso tio Luiz que gostávamos muito. Um mundo diferente e cheio de novidades, era como chegar em outro planeta para nós pequenos.
O mais incrível é lembrar dessa proeza nos dias de hoje, principalmente vendo a radical diferença nos meios de transportes. 
Fazer uma viagem até São Paulo nos carros de hoje, a partir do Rio Grande em todo o conforto e rapidez dos automóveis modernos e quase que tranquilo. Imaginar fazer HOJE essa viagem num Fusca e digno de espanto. Mas meu pai o fez, com três crianças pequenas, empilhadas na parte de trás  do fusquinha. Certamente ele seria preso hoje por isso.

A MOEDA DA ÉPOCA, O CRUZEIRO.


RUA TEODORO SAMPAIO, MINHA AVÓ E MINHA MÃE NA ÉPOCA.

NÓS E O VALENTE FUSCA QUE FOI A SÃO PAULO



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